os delírios da velhice não as desobriga de comedidas, se lhes multiplicam as causas para a prudência; pois não têm a desculpa dos poucos anos, que conduz para errar os termos; ainda que estudar os acertos em tenra idade é merecer cultos, e adiantar estimações; assim como o respeito, que se deve aos velhos, é dívida contraída entre a falta de experiência, e o bom exemplo, e documentos, que devem dar aos moços.

Também vejo que as moças ou conversam demasiadamente, ou em vendo gente, fogem, como se fossem animais de outra espécie, sem que haja quem lhes diga, que o fugir ou é incivil grosseria, ou é tentar a curiosidade; e que a muita demora em tais conversações ou as faz ter por levianas, ou ociosas: e que em deixarem de responde a quanto se lhes diz, cabe o melhor conceito da discrição; porque o muito falar ou descobre toda a capacidade, ou publica a indiscrição, que estava oculta; e que o estranharem os próprios elogios, e lisonjas com a mudança de cor, é avisar os merecimentos da formosura: e que o abaixarem gravemente os olhos, negando-se à atenção dos rendimentos, é conquistar os ânimos, e vencer impérios na veneração das gentes. Estas, e muitas outras obrigações, que