os mais príncipes, conheçam que sois prudente, e generoso, certos em que não sofreis falto de forças; e mandai que os soldados sejam atendidos, e bem pagos, pois assim se formam exércitos de voluntários, que são os que melhor costumam servir.
Também é preciso que honreis os Templos, temais os deuses, e ampareis os pobres, que mais sentem que se não conservem em fiel equilíbrio as balanças da justiça; porque o Rei, em que resplandecem estas virtudes, dá exemplo aos amigos, e o não podem destruir os inimigos; e fazei que haja constância nos negócios, que forem convenientes ao bem público, porque não consiste a boa direção em se determinarem, mas sim em que tenham boa execução, e estabelecimento, revestindo-vos de sofrimento para com os importunos, e de prudência para dissimular com os descomedidos, porque o bom príncipe há de perdoar as ofensas próprias, e castigar as injúrias da República; e aconselhando-vos com a Majestade, sentireis grande prazer pelos que enriquecestes, e perdoastes, pois são condições do vosso ofício reger com amor os vassalos, perdoar-lhes, e remunerar serviços, recomendando sempre que não oprimam os pobres com a cobrança dos tributos, porque é maior a culpa de roubá-los, que o mérito de socorrê-los.