gozava a sociedade dos meus? Onde está a que então era, e onde veio a que hoje sou? Com quanta mágoa se haverá lamentado em Tebas o meu trágico fim? Quem lhes dissera o estado, para que éramos destinados. Amado consorte, eu quis crer que te via, porque sempre a imaginação representa aquele bem, que te deseja; mas fui como o triste, que se acaso alguma vez sonha lances de alegria, quando acorda, mais chora o mal que sente. eu sonhava que te via, para renascer de um engano mais viva a mágoa de perder-te; mas se acaso hás passado a gozar o descanso imenso, mereça-te o ardente amor, que te consagro, que atraindo a ti este espírito atribulado, acabem as lágrimas de tão dilatada separação, e seja eu conduzida a ver-te entre os descansos.
Com estas lastimosas vozes parecia que Delmetra desafiava a compaixão dos mesmos irracionais no desconcerto, com que ora se lembrava de uns, ora de outros, tornando outra vez àqueles mesmos, mostrando assim que a memória lhes ministrava de cada vez mais de que magoar-se; e recolhendo-se a casa se lhe descontaram as horas de alívio pelos risos, com que as paisagens ou zombavam de sua ociosidade, ou sentiam mal de tão larga conversação;