que quando empunhardes o cetro, procureis imitá-lo, lembrando-vos sempre que as majestades ou de todo perdoam, ou com mágoa castigam, e que com os inferiores é o perdoar o mais sublime estilo de repreender, e se desmente de generoso o coração, que se não abranda às lágrimas humildes do arrependimento, e aos discretos rogos do atribulado, pois sem demora ensinam as aflições a melhor Retórica; mas também é preciso ver, que nem sempre a compaixão é virtude, porque a alguns agravos será igualo mérito de os castigar à culpa de os cometer; porque quando as injúrias são públicas, e repetidas, para exemplo se castigam, e pelo escândalo se não perdoam.
Para conservardes a opinião de ter amável docilidade, nunca desprezeis o conselho dos que tiveram para o dar as qualidades precisas; mas para os aceitar, consultai primeiro em vós aquela vigorosa virtude, que sabe separar do útil o pernicioso; e reparai que da excessiva aspereza alguma vez tem sucedido haverem mais homens que sirvam, que fiéis que guardem, e que os que sem zelo servem, sem afeto assistem, só por interesse defendem, ou por medo pelejam, nem como dádivas se aplacam, nem com pouco se contentam; porque os que se não animam com o escudo da justiça,