o Rei: E tempo, amigo, de me confiares quem és. Eu sou obrigado a favorecer os teus desígnios, e quero conservar a tua amizade, pois vejo que os Deuses te ouvem, e os Céus te defendem. Sou obrigado, senhor, (lhe respondi) a não revelar o segredo, que me tirou do meu país, e espero que não duvideis da pesada obrigação, que mo recomenda. Deixou a empresa, e com demonstrações iguais me tratou o mês, que ali me demorei.
As gentes respiravam já aliviadas, e me reverenciavam, tendo as minhas reflexões por predições infalíveis. Quando vi que já não existia ali quem desse notícias vossas, me ausentei, embarcando para Argos; e era tal a impaciência, com que vos buscava, que em cada minuto me parecia ver extinto o sofrimento, que há esperanças, as quais nas dilações falsamente chamam enganosas. Assim fui sem temer opostas contradições, como o Ateniense Codro rompia esquadrões contrários, buscando a morte; lembrava-me que não sem mistério o meu Nune consentira, que me ausentasse da pátria, pois que as plantas se fazem admiráveis transplantadas; e recordando a sua resposta, que me recomendava o silêncio, e fortaleza, que se figura na pesada coluna, que nos sanguinolentos assédios; antes que se