Todos lhe cantavam louvores, e faziam uma só voz, uma só felicidade, e um só pensamento: admirava-me ver os poucos, que descansavam, o que entendo será, porque poucos resistem ao poder, e desprezam adulações.
De uma parte para outra vos buscava; e vendo cheio daquela ditosa luz a Almeno, dando-lhe os braços, com inexplicável respeito, a regozijo: como te vejo aqui em figura mortal? (me disse) E querendo responder-lhe, não sei que ternura, ou prisão não me deixava pronunciar palavra. Já que os Deuses te amam, os resguardam, (continuou) adverte em seguir o estreito caminho das virtudes, prevenindo lugar nesta morada de interminável paz. Tu nasceste para reinar, e não te entregues ao descanso, e regalo, por não arriscarem o bem terno, e real reputação, porque esta não tem minuto de tempo, que não seja obrigada aos pesados encargos de seu ofício, pois quem o serve é devedor de si mesmo, sendo de infinito peso qualquer pequeno descuido: não basta não fazer mal, porque é preciso fazer todo o bem a favor dos estados; pelo que, amado Arnesto, arma-te de valor contra si mesmo, contra as paixões, e lisonjas, sendo no teu governo um vivo modelo de heróis soberanos,