e o Príncipe sem esperança.

Continuava Beraniza as suas aplicações, que muito moderada e discreta indústria de Hemirena, pois temia que a delicada Princesa perdesse a saúde como já com reverente afeto, e verdadeiro zelo lhe havia ponderado. Passamos quatro anos, achando-se Beraniza gravemente enferma, principiava a desconsolação de Hemirena a anunciar a sua ruína; e vendo Beraniza que a sua vida não seria dilatada, disse: Amabilíssima Hemirena, não apaguem as tuas lágrimas a luz brilhante de teus belos olhos, temendo desamparos, pois ficas bem recomendada pelas tuas amáveis qualidades: não temas que a minha falta diminua na estimação de tuas prendas singulares, que as mulheres, que com virtudes adquirem o domínio das vontades, assim como à sua beleza se não atreve o tempo, também as respeitam os duros golpes da Parca, porque se imortalizam, não os sentidos da memória, e estimação das gentes, porque o espírito gentil, que não acaba, em cada ano lhes aviva com os méritos a formosura; mas pelo grande afeto que mereces, é preciso que eu deixe padrões para a tua memória, ordenando que te sejam entregues as minhas jóias; e como tão fielmente me tens acompanhado, será