em oitenta anos, que viveram, nunca tiveram mais aplicação que a dos seus enfeites; e é cousa lastimosa que deixemos de enriquecer-nos dos conhecimentos necessários com a leitura de bons livros, que são companheiros sábios de honesta conversação. Nós não temos a profissão das ciências nem obrigação de sermos sábias; mas também não fizemos voto de sermos ignorante. Há mulheres, que em acabando os primeiros cumprimentos já não querem mais que dizer mal, e falar em enfeites, e outras semelhanças ninheiras; estas fora melhor que aprendessem a calar, se não sabem tratar conveniente; não digo que sejam sábias como as Musas e Sibilas; mas que conforme sua esfera, e possibilidade, se apliquem às ciências, e ao que sirva para a boa direção dos costumes, que como não são animais, que tirem das folhas, veneno, não podem abusar da celestial ambrósia, que nos livros se acha; porque o ignorar a gravidade da culpa, e os preceitos da modéstia, conduzem para o tropeço. Nem digo que seja útil o lerem toda a casta de livros, pois são perniciosos os que tratam das paixões, que insensivelmente costumam introduzir-se nos ânimos; porque ainda que se pintem com agradáveis cores, elevado estilo e invenções honestas, nem assim nos convém lê-los, e basta que nos apliquemos