— Conduzidos em postas? interrogou Narizinho. Para serem enterrados lá ?
— Não, minha filha : para serem comidos...
— Que horror ! exclamou a menina, fazendo uma careta de asco.
— Os tupinambás eram grandes apreciadores da carne humana, como vocês vão ver no decurso desta historia.
Depois do desastre, as autoridades e o povo de S. Vicente tomaram a peito reconstruir o forte, convencidos da sua necessidade para a defesa local, e ergueram no mesmo ponto um outro, maior e mais bem armado.
Logo depois os tupinambás, vendo que seria dificil passarem ao alcance desse novo forte, ladearam a Bertioga e cairam de improviso sobre S. Vicente, matando e aprisionando muitos moradores. Em vista disso os vicentinos cuidaram de erguer segundo forte em ponto que impedisse nova incursão daqueles terriveis inimigos.
Quando Hans Staden chegou a S. Vicente essa fortaleza estava com a construção interrompida em virtude de não existir por ali nenhum artilheiro que se arriscasse a morar nela.
Hans era artilheiro e corajoso. Os vicentinos propuseram-lhe o negocio: davam-lhe companheiros e boa paga, além de que ele ganharia a estima de El-Rei, sempre generoso com os que prestavam serviço ás suas colonias.
Hans aceitou a proposta, contratando-se por quatro meses.
Foi para lá com mais tres companheiros, aos quais ensinou o modo de lidar com as poucas peças existentes.