— “Che anama pipike aé !” exclamavam, como quem diz: “Vingamo-nos em ti do que os teus fizeram aos nossos”.
Depois o empurraram para dentro de uma cabana e o deitaram na “inni”, ou rede, continuando a insultá-lo e maltratá-lo.
Enquanto isso os homens reuniam-se em outra cabana para beber cauim diante dos maracás, idolos em cuja honra começaram a entoar cantos de agradecimento pelo feliz sucesso da expedição.
Essa musica, horrivel para Hans, durou meia hora, deixando-o convencido de que a sua morte não estava longe.
Por fim apareceram na cabana os dois selvagens que o tinham capturádo. Esses indios, seus donos por direito de guerra, eram os irmãos Alkindar-miri e Nhae-pepo-assú, nomes que significavam “alguidar pequeno” e “panela grande”, Vieram dizer-lhe que o haviam dado de presente a um tio, Ipirú-guassú (tubarão grande), o qual iria tomar conta dele e matá-lo para ganhar um nome.
— Que historia é essa de ganhar um nome? perguntou o menino.
— Era uso dos indios herdar o nome das vitimas. Ipirá havia, um ano antes, capturado um escravo e presenteado com ele seu sobrinho Alkindar. Este moço, querendo agora retribuir a gentileza, dava-lhe Hans de presente. Ipirú, então, o mataria e lhe herdaria o nome, para acrescentá-lo ao seu, como um penacho.