cidade de Loanda, que o mesmo é dizer, na Provincia de Angola, até à nossa retirada.
Isto é: funcionava, ultimamente, a Escola Profissional «Rita Norton de Matos» para raparigas, fundada até com o nosso modesto concurso e por iniciativa do actual alto comissário, general sr. Norton de Matos, governador geral de então; havia também um edificio em construção que se destinava a Liceu central; prerogativa esta de que a Provincia de Angola não gozára ainda...
Portugal, grande potencia colonial, tem uma importante missão a cumprir: espalhar sábiamente a educação pelos seus ainda vastos dominios ultramarinos visto que, e permitindo-nos servir das mesmas palavras do eminente professor sr. Borges Grainha no seu belo traballo de pedagogia que se intitula «A Instrução Secundária de ambos os sexos no estrangeiro e em Portugal» a educação e instrução prática e civilizadora das indigenas das nossas colónins está ainda muito atrasada, e porque em Angola e Moçambique, onde há povoações como Loanda, Mossamedes e Lourenço Marques, ainda não existe uma escola de ensino mais elevado que o de instrução primária; não havendo portanto instrução secundária, industrial, agricola ou comercial.
As declarações firmadas por uma individualidade de tão reconhecidos merecimentos pedagogicos falam mais alto ainda que todas as observações por nós colhidas de visu e apresentadas nêste nosso acanhado trabalho, que, longe de pretender exteriorizar uma doutrina nova, é mais uma voz que se alevanta a favor da educação dos indigenas das colónias, para engrandecimento de Portugal. E' árdua a tarefa? mais gratos serão os louros a colher. A tarefa é espinhosa porque em Portugal, o problema da Educação está ainda por resolver. Quando êle estiver resolvido o que se não deve fazer esperar por mais tempo, para honra e proveito do país; quando se deixar de professar a ideia erronea de que o negro não precisa e não deve ser educado; antes pelo contrario é explorado considerando-o como uma cousa que se utiliza para aumentar a riqueza pessoal de quem o sustenta, do seu senhor; teremos dado um grande passo para o nosso engrandecimento colonial. Porque é preciso ter se presente êste axioma: a fôrça e riquesa de uma nação, reside na educação do seu povo. As colónias não progredirão, as colónias não deixarão de ser um pesado encargo para a metropole, enquanto se não cuidar a sério da educação, do aperfeiçoamento de seus filhos. O negro é susceptivel de receber educação; é inteligente, embora duma inteligencia infantil, e em geral é dócil. O caso é saber-se dar-lhe uma educação, que, longe de tornar pernicioso, o seu trabalho se torna e de grande utilidade para êle e para o colonizador. Haja em vista os relevantes serviços prestados à França, por ocasião da Grande Guerra, pelos soldados da Senegambia; e para não sairmos de nossa casa, lembro o exemplo valoroso dos nossos landins de Moçambique, que tão bem se houveram nas lutas contra os alemães. E' preciso, porém, que se lhes não aproveite somente o instinto guerreiro, que nêle é nato. Esse, se não fôsse a força das circunstancias, nem deveria ser aguçado...