Peregrina ei-la a folgar!
Ninguém lhe ouvia um queixume;
Só das flores o perfume
Buscava ingênua aspirar.
As aves, a flor, a brisa,
Verde o campo e o céu de anil,
A garça branca, que frisa
Do lago a onda sutil,
Das folhas brando cicio,
Da floresta o murmúrio
Semelhando um longo ai;
E o doce carpir fervente
Da cascata ou da corrente,
Que sobre os seixinhos cai:
Nada é mais doce que vê-la
Descuidosa do porvir!
Invejada por ser bela,
Por inocente a sorrir.
De mancebos acercada
Fugia toda corada
Ligeira, qual beija-flor!
Tal a corça perseguida
Voe por devesas fugida
Do fero, audaz caçador.
À tarde, na Veiga amena
Folgava ainda a correr;
Mas nunca a linda morena
Pôde falar — que viver!
Era muda! — Não falava
Sorria só e folgava,