se eu lhe ordenasse, que passasse uma semana inteira sem tomar alimento algum, ela não hesitaria, nem ficaria por isso mais incomodada, mas, ajuntava ele, temo tentar a Deus, com tal experiência.
“Pedi que me mostrasse a enferma, e conduziram-me a um pequeno quarto, onde jazia continuadamente deitada. Vi-lhe o rosto dentre um lenço, que lhe encobria a cabeça, e não me pareceu ter mais de 34 anos de idade, que era a que com efeito se lhe atribuía. Sua fisionomia simpática e agradável indicava grande magreza e extrema debilidade. Perguntei-lhe com estava, e respondeu-me com uma voz quase extinta, que estava melhor, do que na realidade o merecia. Tomei-lhe o pulso, e surpreendeu-me a sua forte aceleração.
“Tendo subido de novo na sexta-feira, pedi que me conduzissem outra vez ao seu aposento. Estava deitada em sua cama e tinha a cabeça envolta num lençol. Seus braços estavam abertos, sendo que a parede impedia que um deles se estendesse livremente e o outro saia além do leito, e era sustentado por um tamborete. Tinha a mão extremamente fria, os dedos polegar e indicador estendido e os outros encolhidos: os joelhos curvos e os pés encruzados. Nesta posição conservava a mais perfeita imobilidade, sentia-se-lhe apenas o pulso, e podia-se supô-la sem vida, se pelo efeito da respiração o seu peito não fizesse elevar-se levemente a sua colcha. Procurei por vezes dobrar-lhe o braço, mas inultimente, a rigidez