Da filha amada
Podes gozar;
Priva-me a estrela
De ti e dela;
Busca dois modos
De me matar!
Por três anos existiu dona Bárbara Heliodora sobressaltada, aguardando a nova sentença de seu marido. Preparava-se para recolher o último suspiro do mártir da liberdade, condenado pela sentença de 19 de abril de 1792, quando felizmente a clemência da rainha dona Maria I veio em seu auxílio e no auxílio de tantas famílias desgraçadas. O patíbulo contou uma vítima de menos, mas o exílio recebeu um proscrito de mais. Lá no presídio de Ambaca, nesses sertões adustos de Angola, de olhos voltados para a pátria, finou-se de saudade aquele coração que tão nobremente palpitara pelo seu país balbuciando o versículo de Virgílio:
Libertas que sera tamen!
A poesia que servira de suave e ligeiro passatempo a dona Bárbara Heliodora nos dias de sua infância; que emprestara uma linguagem divina à inocente expressão dos afetos nos felizes dias de seus amores; — a poesia que ficara esquecida durante as lidas domésticas da mulher-mãe, cuja felicidade cifrava-se unicamente no bem-