favoráveis disposições da parte dos indígenas, não era por certo difícil chamá-los ao grêmio do cristianismo, tornando-os de rudes e selvagens homens civilizados e laboriosos, e pois nos campanários celestes soou a hora de sua redenção!
“Não era possível”, diz um autor nacional, “que o mesmo Deus, que havia criado o homem para as harmonias da vida social, fosse por mais tempo indiferente à sorte de milhões de seres, que barafustavam na escuridão do erro, sem nem uma idéia do que era o homem, do que era Deus e do que eram as relações, que prendem o Criador à criatura.”
Além dos mares crescia e prosperava o reino português; sobre o seu trono sentava-se o príncipe, cujo cetro estendia-se pelo universo; suas esquadras sulcavam os mares nas mais remotas paragens, e a cruz, símbolo da redenção, era arvorada nos mais longínquos países, assinalando a conquista da fé, mostrando a civilização cristã. Cristóvão Colombo tinha patenteado à Espanha a existência do Novo Mundo, e Vasco da Gama, não menos atrevido, tinha descoberto o caminho da Índia, dobrando o cabo da Boa Esperança, franqueando as portas dos mares do Oriente, cujas chaves foram roubadas e para sempre ao gênio das tormentas, que Camões personalizou na figura de Adamastor. Estas empresas haviam excedido a expectativa do Velho Mundo; Lisboa tornara-se o empório do comércio do