Com eles foi a luz do Evangelho mais poderosa, que a do astro majestoso, que se ostenta nos trópicos fulgores; rasgou o véu das ínvias florestas, escurecidas pelas sombras dos séculos, ensopadas do sangue ainda quente e fumante dos festins da antropofagia; penetrou nas cavernosas brenhas cheias de supersticiosas recordações, em que ainda ecoavam os sons surdos, roufenhos, confusos dos maracás de seus adivinhos; desceu ao som da música suave, celeste, divina da harpa e do anafil, do pandeiro e da flauta pelas torrentes caudalosas de seus rios e atraiu às suas margens as hordas devastadoras, realizando no Novo Mundo o que a fábula fantasiara no velho hemisfério, mais bela em sua harmonia, do que a voz das membris de seus bardos, mais poderosa, que os sons do boré de seus guerreiros e mais misteriosa, que o sussurro do maracá de seus pajés.
Reinavam em suas aldeias os dias de paz, as festas da alegria, a satisfação do bem-estar e bonança da idade de ouro.
Levavam pelos desertos os índios convertidos, para que atraíssem os que vivam na rudeza da ignorância. Por meio de presentes e mimos de pouco valor, mas que para os índios eram de apreço, os acariciavam, principiando por ganhar a amizade de seus chefes. Formavam depois aldeias, que deixavam sob a guarda e vigilância de missionários, que os preparassem para a vida civil e religiosa, impedindo-lhes a comunicação com os colonos,