da total ignorância das mais elevadas classes da sociedade, e depois o discricionário poder, que, crescendo, incutiu sérios receios.
A paz, que desfrutava a colônia, apenas perturbada em alguns lugares pela presença de ousados contrabandistas, que eram energicamente repelidos, foi perturbada pela cobiça européia, que tomou respeitável atitude. Tornou-se o Brasil o teatro de porfiada luta, de gloriosas batalhas, em que todas as raças do país, como que se disputavam, abrasadas no amor da pátria, igual quinhão de glória na partilha dos louros da vitória.
Os franceses, que por muitos anos traficaram com os indígenas, e vinham de tão longe trazer os artefatos de sua ligeira e fantástica indústria, e carregar seus navios dos produtos do solo brasileiro, viam com inveja o estabelecimento dos portugueses, que ganhava incremento, e que se enraizava na terra americana; e pois em França se organizavam sucessivas expedições. Ganhando a aliança dos tamoios, procuravam os franceses fundar na margem da baía de Niterói, conhecida de seus primeiros habitantes pelo nome de Guanabara, o novo reino da França antártica, tendo por capital a Henrivile, cidade projetada em honra de Henrique IV, e asilo dos sectários da doutrina de Calvino. Alcançando a amizade dos tupinambás, buscaram estabelecer colônias agrícolas na ilha do Maranhão.
Os portugueses, ciosos da partilha, que lhes fizera o Papa