LX

Se os mares nunca dantes navegados
Discorrestes por climas diferentes,
Sabereis doutros homens separados,
Descobertos talvez das vossas gentes,
Que por estreitos, pode ser, gelados,
Transitaram nos nossos continentes;
Vos direis se homem há na roxa aurora
Nua e pintados, como nós agora.

LXI

E por que saibas mais nosso costume,
Onde julgues melhor da antiga origem,
Dir-te-ei como, seguindo o impresso lume,
As prudentes nações cá se dirigem;
Nem do vício de muitas se presume
Contra aquelas que sabias se corrigem;
Que também entre vós, creio, se escuta,
Quem tem boas leis, tem má conduta.

LXII

De Tupá, que o trovão com fogo manda,
Trememos, como vês, espavoridos;
Mas, quando vemos que a procela abranda,
Ficam os homens de Tupá esquecidos:
E bem suspeito que nessoutra banda
Suceda assim, se o horror vem dos sentidos;
E que entre vós também gente se veja
Que não temem Tupá e não troveja.