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CARTAS DE INGLATERRA

e normanda, a mais orgulhosa da terra; começando em um obscuro circulo litterario e vegetando algum tempo em um cartorio de Londres — veiu a ser o mais famoso primeiro ministro de um grande imperio; não possuindo senão dividas — bem cedo se tornou o inspirador das grandes fortunas territoriais; homem de imaginação, de poesia, de phantasia, foi o idolo das classes médias de Inglaterra, as mais praticas e utilitarias que jamais dirigiram uma nação commercial; sem religião e sem moral, governou um protestantismo que não concebe ordem social possivel fóra da sua estreita religião e da sua estreita moral; confessando o seu desprezo pela omnipotencia da sciencia moderna — foi o grande homem de uma sociedade que quer dar a todo o progresso uma base puramente scientifica: emfim, sendo o menos inglez possivel, tendo um modo de ser e de sentir quasi estrangeiros, dirigiu annos e annos a Inglaterra, o paiz mais hostil ao espirito estrangeiro, e que conhecia bem que não era comprehendida pelo homem que a governava. Tudo isto parece paradoxal — e a existencia de Lord Beaconsfield foi com effeito um perpetuo paradoxo em acção. Para realizar tudo isto era necessario que o seu genio, por um lado, por outro a sua habilidade, fossem grandes. E realmente em dons pessoais nada lhe faltou: prodigiosa finura de espirito, uma vontade de aço, uma