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CARTAS DE INGLATERRA

do homem, que outros solos menos generosos requerem para se abrir em flôres e fructos, — não o repelle todavia». Isto socega os nossos animos: ficamos assim certos que nenhum fazendeiro, nos distantes cafesaes, ao atirar á terra, a terra mãe, com a enxadada fecundadora a semente inicial, corre o risco atroz de ser por ella atacado á pedrada ou a golpes de bananeira... Nem outra cousa se podia esperar da doce e pacifica Ceres.

Tendo assim floreado, de penacho oratorio ao vento, o Times investe com as ideias praticas. E começa por declarar, que, segundo o copioso relatorio do seu correspondente, «o que surprehende na America do Sul (se exceptuarmos aquella tira de terra que constitui a Republica do Chili, e alguns bocados da costa do enorme imperio do Brazil) é a grandeza de tais recursos comparada á desapontadora magreza dos resultados». Seria facil responder com a escassez da população. O Times de resto sabe-o bem, porque nos falla logo d’essa população nas republicas hespanholas, mas não a acha escassa; o que a acha é torpe!... A pintura que nos dá do Perú, Bolivia, Equador e consortes é ferina e negra: «Essa gente vive n’uma indolencia vil, que não é incompativel com muita arrogancia e muita exagerada vaidade! D’esse torpor só rompe, por accesso de frenesi politico. Todo o trabalho ai emprehendido