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CARTAS DE INGLATERRA

uma divindade, é pelo menos uma degeneração fetichista da divindade: é a tenebrosa padroeira das desforras da plebe, aquella em quem os desgraçados abandonados de Deus, do Deus official, do Deus da Missa, encontram soccorro, e amizade, e força — uma sorte de encarnação feminina do diabo do Sabbath, confidente dos servos e dos feiticeiros da meia-noite.

A estas duas associações deve juntar-se uma terceira, legal essa, fallando alto nas praças, com jornaes, com taboleta, vivendo sob a protecção da Constituição, respeitada da policia, e que se chama a Liga da Terra. O seu fim é promover, por meio de meetings e representações, uma vasta agitação, um impulsivo movimento da opinião, que force o parlamento inglez a reformar o systema agrario. Mas é realmente uma associação legal? São os seus fins tão honestamente moderados, tão estreitamente constitucionaes como se diz? Todo o mundo duvida. Na Irlanda, sempre que dois homens se reunem, conspiram: quando se sentem quatro, apedrejam logo a policia: — que será então quando reconhecerem que são duzentos mil? Além d’isso, as reclamações d’esta associação são de um vago singular: nada de pratico, nada de realisavel: apenas os velhos gritos sentimentaes da aspiração humanitaria. E, ao mesmo tempo, os homens, que a dirigem, são espiritos positivos e experimentados. Ha aqui uma contradicção assustadora.