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CARTAS DE INGLATERRA

quando aproveitando um momento em que a policia interior dos escriptorios do Times casualmente afrouxára de vigilancia, alguem, um monstro, um scelerado, subtilmente, pé ante pé, foi ao discurso, arrancou-lhe dez ou doze linhas, e substitue-as por outras, compostas de ante-mão, perfida e habilmente compostas! E que linhas! meu Deus! como posso eu, conservando-me casto, explical-as aos leitores da Gazeta de Noticias?

 

Essas linhas intercaladas no severo discurso do severo ministro eram (tremo de dizel-o) eram linhas eroticas! Era um grito convulsivo de desordenada lubricidade; era o ruido d’uma besta agitada por todas as furias de Venus; era como esse rouco e secco bramar dos veados, nos bosques, sob a calma do estio; era a balbuciação ebria dos Faunos da fabula, do deus Priappo, dos Satyros caprinos que vagueavam pelos pendores sagrados do monte Olympo, ululando, trincando a brancura dos lyrios, violando o coração das rosas, arremessando-se com pulos ferozes de bodes ao entreverem, entre as ramagens dos olmos, as claras nymphas das aguas... Era tudo isto, e era ainda mais.

E, para requinte de facecia, isto não destoava, não chocava, apparecendo bruscamente e sem ligação,