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III

O inverno em Londres


Eis ahi o inverno. Já todos os dias o encontro, e, agora mesmo, lhe ouço fóra, na rua, sob a nevoa tristonha d’esse fim d’outubro, a voz dolente e vaga: não é o velho semi-deus de attributos mythologicos, com a barba em flocos de neve sobre o manto branco de neve, soprando nos dedos, e o classico feixe de lenha a tiracollo: é um rapagão enfarruscado, de casquete e chicote em punho, que vae conduzindo uma carroça negra com um forte percheron aos varaes, pelo macadam já endurecido da geada, e soltando de porta em porta, o seu pregão melancholico: Coals! coals! (carvão! carvão!)

Estão, pois, findos os dias purpureados do lindo outomno inglez! Nada iguala o encanto suavizador e meigo dos meados d’outubro nestes condados do