Ordena-me nas tuas cartas que morra de amor por ti…
Oh! conjuro-te de me dar êsse auxilio, para poder vencer a fraqueza do meu sexo, e pôr termo às minhas irresoluções, por um golpe de verdadeira desesperação.
Um fim trágico obrigar-te-ia, sem dúvida, a pensar muitas vezes em mim…
A minha memória te seria cara, e quiçá esta morte extraordinária te causaria uma sensível comoção.
¿E a morte não é porventura preferível ao estado a que me abaixaste?…
Adeus!
Muito quisera nunca haver posto os olhos em ti.
Ah! sinto vivamente a falsidade dêste sentimento, e conheço neste mesmo instante em que te escrevo, quanto prefiro e prézo mais ser infeliz amando-te, do que não te haver jàmais visto.
Cedo sem murmurar à minha malfadada sorte, já que tu não quiseste torná-la melhor. Adeus.
Promete-me de conservar uma terna e maviosa saüdade de mim, se eu falecer de dôr; e assim possa ao menos a violência da minha paixão inspirar-te desgôsto e afastar-te de tudo!
Esta consolação me será suficiente, e se é fôrça que te abandone para sempre, desejára muito não deixar-te a outra.
Dize, ¿não seria nímia crueldade a tua, se te servisses da minha desesperação para pareceres mais amável, mostrando que acendeste a maior paixão que houve no mundo?
Adeus outra vez…
Escrevo-te cartas excessivamente longas, o que é uma falta de consideração para ti; peço-te mil perdões,