empalmou-lhe a cintura, quando a pilhou sozinha na sala de jantar.

A francesa abaixou os olhos, afastou-se dignamente e foi logo dizer ao marido que era necessário por aquele homem na rua.

— O Moura! Por quê?

— Não te posso dizer por que... mas afianço que o Moura não nos convém!...

— Fez-te alguma coisa?

— Faltou-me ao respeito!

— Hein?!

— Agarrou-me a cintura e ter-me-ia beijado o pescoço, se eu lho permitisse.

Esta última parte da queixa fazia mais uma honra ao espírito inventivo de Mme. Brizard do que ao seu espírito de verdade; ela, porém, não resistia ao gostinho de falar no seu rico pescoço sempre que se oferecia ocasião.

E o Moura teria posto os ossos na rua, se a própria Mme. Brizard não intercedesse por ele no dia seguinte, alegando que o pobre homem havia na véspera carregado um pouco mais no virgem.

Também foi só. Nunca mais, que constasse, palpitou ali sombra de escândalo, e a famosa casa de pensão continuava a sustentar a melhor aparência deste mundo. Até se dizia à boca cheia que, por mais de uma vez, já se hospedaram verdadeiras celebridades, e eram todos de acordo em que no Rio de Janeiro ninguém fazia espetada de camarão tão saborosa como as da simpática irmãzinha do João Coqueiro, a Amelita. Uma verdadeira especialidade. Constava até que vinha gente de longe ao cheiro daqueles camarões.

A casa tinha dois andares e uma boa chácara no fundo. O salão de visitas era no primeiro. — Mobília