tempo com Lúcia, recorria a todos os meios e modos de afastar Amélia do quarto.
— Diz que não quer ser importuno, contou a rapariga — que já bastam os incômodos que me tem dado, que não se acha com o direito de fazer de mim uma irmã de caridade, e de obrigar-me a suportar as suas amolações! E que eu viesse aqui para baixo, rir e conversar com os outros, que ele teria nisso muito mais prazer!
— E tu, que lhe disseste? perguntou o irmão.
— Eu disse que sentia o maior gosto em prestar ao Sr. Amâncio aquela insignificância de serviço; que, se os fazia, era por motu próprio!
— E ele?
— Ele disse que não, que não admitia, e que ficava até muito contrariado, se eu não me viesse embora!
— Vês?! perguntou João Coqueiro à esposa, apontando para a irmã. — Vês?! Tudo isto é obra da Sr.ª D. Lúcia!
E, depois de uma pausa, aflita:
— Aquela mulher não nos pode ficar em casa! Haja o que houver preciso que ela se vá daqui quanto antes!
E deu a sua palavra de honra em como havia de pôr cobro a semelhante patifaria.
Não sossegou essa noite. Enquanto os mais dormiam, andava ele lá por cima, a farejar nas trevas, grudando-se contra as paredes e escondendo-se pelos cantos.
Passou assim algumas horas; mas, afinal, viu Lúcia sair do quarto, pé ante pé, atravessar a medo o corredor e sumir-se, às apalpadelas, na porta do n.º 6.
A sua primeira idéia foi chamar Pereira e mostrar-lhe a mulher no latíbulo do amante, mas considerou que o homem seria capaz de romper com ela e, nesse caso, a ligação de Lúcia com o provinciano tornar-se-ia inevitável! — Nada! pensou ele. Deixemo-nos disso.