Ângela não esperava pelo golpe, e ficou a ponto de perder a cabeça. "Como?! Seria crível?... Seu filho, seu querido filho na prisão, com um processo às costas e sem ter quem lhe valesse!... Ó Santo Deus! Santo Deus! que isso era demais para um pobre coração de mãe! — Que mal teria ela feito para merecer tão grande castigo?!"

E resolveu seguir para a Corte, imediatamente, no mesmo vapor. Sentia-se corajosa, capaz de todas as lutas, de todas as violências, para salvar seu filho. Esqueceu-se de seus achaques, do estado melindroso de seu peito, para só cuidar dele; só pensar nessa criatura idolatrada que valia mais, no fanatismo de seu afeto, do que todas as grandezas da terra, todos os esplendores do mundo e todas as potências do céu.

— Oh! Haviam de restituir-lhe o filho!... Ela estava resolvida a atirar-se aos pés dos juízes, das autoridades, do Imperador se preciso fosse, para resgatá-lo! — Não era possível que só encontrasse corações tão duros, que resistissem a tanta lágrima, a tamanha dor e a tamanho desespero!

No primeiro paquete achava-se a bordo, apenas seguida de uma escrava que, entre as suas, lhe merecia mais confiança.

Mas, agora, pelo braço de um estranho que a não desamparava por mera delicadeza, ou talvez por compaixão; agora, no grosseiro tumulto do cais, estremunhada no meio daquela gente desconhecida — a infeliz sentia-se fraquejar. Não sabia que fazer — se ir em busca de Campos ou correr à toa por aquelas ruas, a gritar pelo filho, e reclamá-lo daquele mundo indiferente que formiga em torno de sua perplexidade.

E, por mais que se quisesse fingir forte, uma aflição crescia-lhe dentro e tomava-lhe a garganta. Tremiam-