E a rasão he que se não enunciarmos só a qualidade apropriada do correlato, deixando de parte todas as outras; ninguem dirá que he correlato. Porque supponhamos que se diz o servo do homem, e a asa da ave, deixando-se de parte o dizer do homem que he senhor; não se segue que se deva dizer o servo do homem; porque se elle não for senhor, tambem o outro não he seu servo. Do mesmo modo ommittindo-se o dizer da ave que he alada, não se segue ser correlato de asa; porque não se suppondo o ser alado, não se lhe póde referir aquella expressão de asa. De tudo o que se segue, que convem nomear os correlatos de huma maneira analogica: o que he facil quando ambos tem nomes entre si analogos; mas quando os não tem analogos, cumpre muitas vezes crea-los. Ora dados elles he evidente que existe reciprocidade entre ambos os correlatos.
52. Porque duplo e metade sempre andão juntos: e se ha duplo, he porque ha metade. Se ha servo, he porque ha senhor: e se ha senhor, he porque ha servo. E á semelhança destas, todas as demais coisas. Igualmente se verifica que tirado hum dos correlatos, se tira também o outro; porque não havendo metade não póde haver o duplo: e não havendo duplo, não póde haver coisa a que se dê o nome de metade. O mesmo se póde dizer de todas as outras coisas a estas semelhantes.
53. Porque parece que o objecto da sciencia deve existir antes da sciencia; sendo assim, que pela maior parte primeiro existem as coisas antes, que