75. Por exemplo: o que nem he bom , nem máo: que nâo he justo nem injusto.
76. Por exemplo : a vista e a cegueira referem-se ambas aos olhos. E em geral: do objecto , onde costuma verificar-se a effectividade , he que se póde affirmar ou esta ou a privação.
77. Por exemplo : chamamos desdentado , não ao que não tem dentes; e cego , não ao que não vê ; mas sim ao que costumando ter huma ou outra destas duas coisas, lhe falta no caso de que se trata. Porquanto ha muitas coisas que por sua natureza não são dotadas de vista nem de dentes: e nem por isso se dizem cegas, nem desdentadas;
78. Porque a vista he effectividade: a cegueira he privação. Mas o ter vista não he vista : nem o ser cego , cegueira. Porquanto a cegueira he huma privação : e o estar cego he estar privado, mas não he a privação. Porque se cegueira fosse o mesmo que ser cego, ambas estas expressões se poderião usar indifferentemente em qualquer dado caso. Mas dè hum homem diz-se ser cego ; e não se diz cegueira.
79. Do mesmo modo que a cegueira se oppõe á vista; desse mesmo o ser cego se oppõe a ter vista.
80. Porque a affirmação he hum discurso affirmativo: e a negação he hum discurso negativo. Mas aquillo sobre que recahe a affirmação ou a negação, não he discurso , he hum facto. Comtudo diz-se que estes factos se oppoem entre si, assim como a affirmação e a negação; porque também aqui se verifica, que o modo da opposição he o mesmo. Assim como a affirmação se oppõe á