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Não é portanto uma rival de Melle Lenormand, nem das cartomantes da rua S. José ou do becco do Cotovello.

Não corre, pois, riscos de ser queimada viva, nem de ter de explicar á policia como se lê no pó de café a ingenuidade humana.

Nha Chica é uma visita obrigada quando se vae a Baependy; a todos ella recebe com bondade.

Em Março de 1892 o coronel P. consultou-a sobre seu futuro: — « Terá de fazer breve uma viagem longinqua, penosa e arriscada; mas tenha fé em Deus que voltará com saude! »

De facto o coronel fez uma viagem a Cucuhy, a contragosto, dizem.

Consultaram-n'a um dia duas raparigas sobre casamento: — « A senhora será esposa de Christo, disse ella a uma já trintona, magra e dentuça, sua amiga casará breve ».

Com effeito um anno depois realisou-se a prophecia; dizem uns que o noivo apaixonára-se pela belleza dos olhos, outros que pela elegancia do porte; affirmaram-me, porém, más lingoas que dominava-o a idéa de melhorar o systema de cultura, adoptado nas fazendas do progenitor da rapariga.

Nha Chica descobre animaes fugidos, prognostica em caso de molestia, prevê o resultado de demandas, mas com a condição que a respeitem... em sua presença.

Um grupo de moças foi consultal-a: não tinham acabado de formular a primeira pergunta, começaram as risadinhas, os cochichos, os empurrõesinhos.

Nha Chica em tom solemne, mas sem zangar-se, respondeu:

— « Quem não tem educação e não teme a Deos, nada deve esperar » e indicou-lhes o caminho da rua.

Todos são bem recebidos, todos obtêm uma resposta, um conselho, uma promessa de oração; mas, cuidado, é preciso, simular ao menos, respeito, gravidade.

Alguns visitantes deixam-lhe esmolas, que ella reparte com os pobres e sua egreja; a ninguem ella pediu ainda.