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José de Alencar

Era bella!

Tinha toda a certeza; d’esta vez era uma convicção profunda e inabalavel.

Com effeito, uma mulher de distinção, uma mulher de alma elevada, si fosse feia, não dava sua mão á beijar á um homem que podia repellil-a quando a conhecesse; não se expunha ao escarneo e ao desprezo.

Era bella!

Mas não a podia ver, por mais esforços que fizesse; via-a com os olhos da alma, fazia o seu retrato imaginario.

O omnibus parou; uma outra senhora ergueu-se e sahio.

Senti que sua mão apertava a minha; vi uma sombra passar diante de meus olhos no meio do ruge-ruge de um vestido, e quando dei accordo de mim rodava o carro e eu tinha perdido a minha visão.

Resoava-me ainda ao ouvido uma