CINCO MINUTOS
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Não pude ver-lhe o rosto; fugio, deixando-me o seu lenço impregnado d’esse mesmo perfume de sandalo e todo molhado de lagrimas ainda quentes.

Quiz seguil-a; mas ella fez um gesto tão supplicante que não tive animo de desobedecer-lhe.

Estava como d’antes; não a conhecia, não sabia nada á seu respeito; porém ao menos possuia alguma cousa d’ella; o seu lenço era para mim uma reliquia sagrada.

Mas as lagrimas? Aquelle soffrimento de que ella fallava? O que queria dizer tudo isto?

Não comprendia; si eu tinha sido injusto, era uma razão para não continuar á esconder-se de mim. Que queria dizer este mysterio, que parecia obrigada á conservar?

Todas estas perguntas e as conjecturas á que ellas davam lugar não me deixáram dormir.