de mamar aos filhos enquanto as outras se remordiam numa inconsciente miséria entre os carpinteiros bastante maus para atirar-lhes cenários e maços de cordas. As coristas! Eram os canhões de bucha, enquanto a estrela mudava de roupa e o ator principal punha outro colarinho. E não havia quem quisesse ser corista. Algumas tinham vinte anos de trabalho efetivo, talvez mais. Algumas eram contemporâneas da primeira revista nacional.

E agora, com a transformação das ruas, a cidade escamava de súbito a indignidade e o vício, mostrava todas as furnas do caftismo e nós víamos, ao desejo do luxo, ao contato com o horror, uma flora precoce de pequenas depravadas, galgando o tablado com uma ânsia de bacanal e piscando de lá o olho, na idade em que deviam brincar o ciranda-cirandinha das estalagens onde nasceram... Era ou não a civilização, era ou não o Rio reflexo de Paris, era ou não a cidade igual a todas as outras cidades, com as mesmas necessidades, a coréia de cinismo e o mesmo apetite pelos frutos ácidos, pela mocidade que todas as cidades velhas possuem? De embrulhada, o teatro também se transformava, e no gênero alegre nós iríamos ouvir as graças (sim, as graças, tudo é possível...) dos revisteiros apimentadas, esquentadas por todo aquele excesso de provocações fesceninas...