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AINDA UMA VEZ — ADEOS! —



I.

Emfim te vejo! — emfim posso,
Curvado a teos pés, dizer-te,
Que não cessei de querer-te,
Pezar de quanto soffri.
Muito penei! Crúas ancias,
Dos teos olhos afastado,
Houverão-me acabrunhado,
A não lembrar-me de ti!

II.

D’um mundo a outro impellido,
Derramei os meos lamentos
Nas surdas azas dos ventos,
Do mar na crespa cerviz!
Baldão, ludibrio da sorte
Em terra estranha, entre gente,
Que alheios males não sente,
Nem se condóe do infeliz!

III.

Louco, afflicto, a saciar-me
D’aggravar minha ferida,
Tomou-me tedio da vida,
Passos da morte senti; .
Mas quasi no passo extremo,
No ultimo arcar da esp’rança,
Tu me vieste á lembrança:
Quiz viver mais e vivi!