Octaviano, e estava no direito de usufruir sua opulencia litteraria. Foi assim que um dia vi pela primeira vez o volume das obras completas de Balzac, nessa edicção em folha que os typographos da Belgica vulgarisam por preço modico.
As horas que meu companheiro permanecia fóra, passava-as eu com o volume na mão, á reler os titulos de cada romance da collecção; hesitando na escolha daquelle por onde havia de começar. Afinal decidia-me por um dos mais pequenos; porem, mal começada a leitura, desistia ante a difficuldade.
Tinha eu feito exame de francez á minha chegada em S. Paulo e obtivera approvação plena, traduzindo uns trechos do Telemaco e da Henriqueida; mas, ou soubesse eu de outiva a versão que repeti, ou o francez de Balzac não se parecesse em nada com o de Fenelon e Voltaire; o caso é que não conseguia comprehender um periodo de qualquer dos romances da collecção.
Todavia achava eu um prazer singular em percorrer aquellas paginas, e por um ou outro fragmento de idea que podia colher nas phrases indecifraveis, imaginava os thesouros, que alli estavam defezos á minha ignorancia.
Conto-lhe este pormenor para que veja quão descurado foi o meu ensino de francez, falta que