por outra, e quando o velho veiu sahiu enganado. Chegando em casa mandou a cabra berrar, e nada, e nada! Conheceu que estava enganado e calou-se. Chegou por fim um trabalhador do velho e lhe pediu ao amo o seu jornal. Respondeu o velho: «Meu filho, eu não tenho, mais dinheiro; mas dou-te um cacete, que aqui tenho, que te ha de fazer feliz.»

O rapaz recebeu o cacete e seguiu. Foi ter justamente na casa do preguiçoso; pediu rancho e deu o cacete para guardar. A mulher trocou o cacete por outro, e no dia seguinte o moço disse: «Dê-me o meu cacete, que me quero ir.» O cacete entrou a dar bordoadas de criar bichos no marido e na mulher. Puzeram-se elles a gritar, e o rapaz ficou admirado de vêr aquella virtude do cacete.

A mulher afflicta gritou: «Meu senhor, mande seu cacete parar, que eu lhe dou o que me deu o velho para guardar. «O moço disse: «Pára, cacete, e tudo p'ra cá!» O cacete parou, e a mulher entregou ao rapaz a toalha e a cabra. O moço tudo recebeu e voltou para casa do seu amo, e lhe contou o que se tinha dado com elle na casa do preguiçoso. O velho então lhe disse: «Esta toalha e esta cabra têm virtude; quando tiveres fome, estende esta toalha, e te ha de appareçer comida da melhor; e esta cabra quando berra bota dinheiro pela bocca.» O rapaz ganhou o mundo com seus tres presentes.




XLII


A mulher dengosa


(Pernambuco)


Era uma vez um homem casado com uma mulher muito dengosa, que fingia não querer comer nada dian-