para lhe ficarem presos os cabellos. Os irmãos foram buscar umas tesouras, e voltaram depois todos para o seu palacio defronte do rei.
Quando o rei apparecia á janella o papagaio não fazia senão rir. O rei convidou os meninos para um banquete e pediu que levassem o papagaio. Os meninos foram, mas ao passarem pela mulher que estava enterrada até á cinta não quizeram cuspir n’ella. O rei teimou, mas não conseguiu nada. Foram para a mesa; uma das irmãs da rainha é que trinchava, e tinha botado resalgar na sopa dos meninos. O papagaio avisou-os:
— Meninos, não comam que tem veneno.
O rei ficou desconfiado, e perguntou aos meninos porque não comiam; disseram elles:
— Falta aqui uma pessoa; é aquella mulher que está enterrada até á cinta no pateo do palacio.
Disse o papagaio:
— Mande-a o rei vir, porque ella é a mãe d’estes meninos.
O rei mandou vir a mulher; disse-lhe o papagaio:
— Sente-a agora ao seu lado; olhe que ella é sua mulher.
E contou como é que as cunhadas do rei tinham mandado botar ao rio em canastrinhas os tres meninos, e tinham posto em seu lugar os cães; e se se quizesse confirmar, que visse se os meninos tinham na testa as estrellinhas. Os meninos tiraram as carapucinhas, e o rei conheceu-os, e abraçou a sua mulher; e mandou que as cunhadas comessem a comida envenenada, e logo ali arrebentaram .
(Airão — Minho.)
Havia uma rapariga, que morava com sua avó, e esta a mandou vender trez vintens de linhas. A netinha foi e