tanto fez com elle, dizendo-lhe que lhe levasse o rei dos Peixes, que o pescador não teve remedio senão leval-o.
A pescada mandou então ao homem que a partisse em cinco postas: uma para a mulher, outra para a egua, outra para a cadella, e duas para serem enterradas no quintal. Assim aconteceu.
Da mulher nasceram dois rapazes; da egua dois cavallos; da cadella dois leões, e do quintal duas lanças. Os rapazes cresceram; quando esfavam já grandes, pediram ao pae que os deixasse ir viajar. Partiram cada um com sua lança, seu leão e seu cavallo.
Ao chegarem a um sitio onde havia dois caminhos, um tomou por um, e outro por outro, promettendo auxiliarem-se se algum d’elles precisasse de soccorro. Um d’elles foi ter a um monte onde viu uma donzella quasi a ser victima de uma bicha de sete cabeças. O rapaz matou a bicha e casou com a donzella. Um dia, estavam ambos á janella, e o rapaz ao avistar ao longe uma torre, disse:
— Que torre é aquella?
— É a torre de Babylonia
Quem vae lá nunca mais torna.
— Pois heide ir lá eu, e heide tornar.
Fez-se acompanhar do leão, pegou na lança, montou a cavallo e seguiu. Na torre havia uma velha, que ao vêr o cavalleiro, cortou um cabello da cabeça, e disse:
— Cavalleiro, prende o teu leão a este cabello.
O cavalleiro assim fez; mas vendo que a velha se dirigia contra elle, disse:
— Avança, meu leão.
E a velha respondeu:
— Engrossa, meu cabellão.
N’isto o cabello da velha transformou-se em grossas correntes de ferro e o cavalleiro caiu n’um alçapão da torre.