O meu Arthur tem hoje quinze annos.
É um formoso adolescente, louro e timido como uma virgem.
Vivemos eu e elle n’uma casinha de um bairro tranquillo e retirado.
De dia elle frequenta o lyceu, e eu dou as minhas lições de musica, á noite lemos, conversamos e tocamos juntos.
Todos os annos, n’um dia certo, fazemos uma romagem piedosa.
Vamos visitar ao cemiterio o tumulo de pedra, pobre e modesto, onde dorme o seu tranquillo somno a minha querida mãe.
Foram serenos e doces os ultimos dias que ella viveu na terra.
Ajudou a crear o meu Arthur, que era tão endiabrado e travesso como hoje é tranquillo e scismador!
Eu sahia de casa muito cedo, e deixava-os a ambos juntos a papaguearem alegremente, porque não ha nada que illumine a tristeza dos velhos como a alegria dos netos.
Ao principio era-me doloroso aquelle monotono trabalho de ensinar os principios de musica, mas quando vi desenvolver-se em casa o conforto de-