N’uma noite em que os hospedes habituaes estavam na sala, e em que junto da meza redonda do serão Eduardo e Margarida liam esquecidos de tudo que os cercava, felizes, despreoccupados como os dous amantes do florentino, ouviu-se o rodar de uma carruagem que parava á porta do palacio.
O banqueiro levantou-se rapidamente da banca do voltarete e sahiu da sala relanceando para a filha um olhar de esconso.
Margarida, sem saber porque, fez-se pallida como uma morta.
— Ó meu amigo — exclamou n’um impeto ardente, irresistivel, que não soube conter, — chegou o fim da nossa felicidade!
Eduardo olhou para ella desvairado.
— Que diz? que é isso? a que se refere?
N’este momento entrava na sala o pae de Margarida dando a direita ao ultimo herdeiro de nobres avoengos.
— O sr. conde de V... pronunciou com o orgulho humilde dos burguezes ambiciosos de honrarias sociaes, apresentando o recem-chegado a toda a companhia.