Cumpria uma penitencia, não encetava uma lucta heroica de que esperasse sahir vencedora.
N’uma tarde do mez de janeiro, chuvosa, humida e fria, Margarida subia a muito custo a calçada de S. Bento, em Lisboa, onde morava uma das suas discipulas.
A rua, viscosa e lamacenta, inspirava-lhe aquella repugnancia patricia, que a infeliz ainda não soubera vencer.
A atmosphera plumbea e carregada dava-lhe ao coração uma dose de invencivel tristeza.
Sentia-se predisposta para as recordações cruciantes para as inuteis fluctuações de um sonho que se extinguira.
Comprehendia com angustia que lhe faltava coragem para levar a cabo o doloroso dever que a si propria impuzera.
Oh! ella bem sabia que a sua alma não era da tempera das que luctam e se sacrificam!...
N’isto uma carroagem elegante descia a calçada ao passo de dous formosos cavallos inglezes.
Margarida, vendo a alguns passos o correio agaloado, percebeu que era um ministro e, sem querer, movida por um impulso subito, levantou os olhos e fitou os no homem que ia dentro do trem.
O que ella sentiu não se explica.
O ministro era Eduardo de C.