Tu nunca viste um olhar assim, Naly, nem eu, e Deus nos defenda de o vermos nunca!
Foi mudo, foi longo, foi sinistro! Um poema de agonias silenciosas!
Depois o pae de Bertha, afastando a creança com um gesto lento, desdobrou o papel e leu.
Já lá vai um anno depois d’aquella noite de festa, em que Bertha alcançou licença para se deitar ás nove horas.
N’um anno quantas differenças póde fazer uma existencia!
É muda e triste a casa onde vimos tantos risos, está descuidado e cheio de hervas o jardim onde brincava um pequenino sêr feito da luz das auroras, e da innocencia dos lyrios.
Bertha está doente.
Na sua alcova branca e silenciosa, á luz dubia de uma lamparina de jaspe, vela uma criada, emquanto a loura pequenina fita no tecto os grandes olhos azues e parece seguir as visões phantasticas de um sonho de febre.
Ao principio era feliz, muito feliz. Quem e que viera destruir todas aquellas alegrias que pareciam