Digo-te eu que és o mais bonito que lá apparece. Depois m’o contarás.
E conversando e rindo n’um abandono divino e infantil, aquelles dous camaradas na adversidade, edificavam castellos de ventura, esquecidos de que o padeiro n’aquelle dia recusara fiar-lhes mais pão. Oh mocidade!
Jorge de Alvim n’aquelle dia parecia exceder-se a si proprio, tão brilhantes eram as suas respostas, tão finas as suas ironias, tão cheias de sal as anedoctas com que encantava os conselheiros, ministros e jornalistas que estavam á mesa da elegante condessa de X***.
Fallou-se em diamantes. Jorge de Alvim desde logo entrou a historiar casos e anedoctas a tal respeito. Narrou as aventuras de diamantes que se tornaram celebres pelas peregrinações em que andaram, e assim precisou com uma erudição graciosa a historia do Sancy, diamante que foi de Carlos o Temerario, e que das mãos d’este passou para as de um Duque de Florença e depois para o poder do Prior do Crato, que o empenhou ao intendente das finanças em França, Harley de Sancy, de onde lhe proveio o nome.