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A MORTE DE BERTHA

(A NALY)

Minha Naly, ás vezes nos teus dias de bom humor, e sobre tudo nos raros dias em que estás um pouco menos traquinas, vens sentar-te ao pé de mim, n’um banco pequenino, e pegando n’um livro, — o teu livro de grandes bonecos coloridos — , finges que estás lendo umas cousas que a tua inquieta phantasiasinha de duende te representa, escriptas n’aquellas paginas ainda mudas para os olhos da tua intelligencia.

Com o teu adoravel instincto imitador, arremedas-me inconscientemente.

És o meu epigramma vivo, um delicioso epigramma de olhos garços muito abertos, muito intelligentes, muito maganos, como ainda não vi outros em ninguem. Hontem, porém, estavas estranhamente curiosa.