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CONTOS E PHANTASIAS

um — M.me Ratazzi — descobriu em nós qualidades extraordinarias que nos vaticinam brilhante futuro, além de nos dotar de genios pouco vulgares, de obscuros Shakespeares, para quem soará brevemente a hora gloriosa da fama universal.

A propria M.me Ratazzi se offereceu bizarramente para apressar essa hora, que já ia tardando, não só pondo em prosa franceza a prosa dos nossos escriptores, como tambem encarregando-se ella propria de personalisar, n’um dos eternos theatrinhos que anda armando por toda a parte, as creações mais ou menos formosas dos ditos Shakespeares, desconhecidos.

Será bom que a gente peça a Deus d’aqui por diante nas suas orações mais fervorosas não excitar a dedicada admiração d’aquella illustre, mas indiscreta dama!

Quem lhe manda a ella andar apreguando lá por fóra nossas glorias!

Nós bastamos ao menos para nos applaudirmos mutuamente.

A que vem, porém, todas estas divagações? pergunta de certo a leitora.

E pergunta com muita justiça, porque a minha imaginação, está folle du logis indisciplinada, não tem direito para cansar assim a benevola attenção dos que me lêem.