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CONTOS CARIOCAS


Subi. Abriste a porta,
E logo me disseste: — Estava morta
Por vel-o, meu amigo,
E falar-lhe a respeito
Daquella tarde que passou commigo.
— Pois mora num sobrado tão suspeito?
— Eu já naquelle tempo aqui morava,
E era o que sou: uma mulher perdida
Que o seu corpo vendia a quem pagava.
Quiz passar uma tarde divertida...

Vendo-me perseguida,
Simulei ser uma senhora honesta...
Fugi... corri... fiz toda aquella festa!
Tilbury... trem de ferro... aquillo tudo
Pura comedia foi. ’Stou satisfeita,
Pois vi do que é capaz um cabeçudo
Que persegue na rua uma sujeita!

Mas eu formalisei-me então, e disse-te:
— Aos olhos teus por toleirão passei...
Vamos? Dize! Franqueza! Fui ridiculo?
Respondeste: — Não sei. —