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CONTOS CARIOCAS
II
Numa noite fatal em que Rogerio
Em vão tentou conciliar o somno,
E da Fortuna o perfido abandono
Memorou entre lagrimas,
— Cansado de pensar nos tantos obices
Que lhe oppunha malevolo destino,
Da sua cama inhospita o mofino
Levantou-se de subito.
O seu fato melhor vestiu num apice;
Poz o chapéo, pegou no guarda-chuva;
Calçou numa das mãos vistosa luva;
Sahiu de casa lepido.
Era de madrugada. Melancolica
Na planicie dos céus vagava a lua.
Nem um cão, nem um bebedo na rua.
Era tudo silencio.
No Rocio morava o insomne, o Icaro,
Perto da rua do Ouvidor, e como
Se obedecesse a repentino assomo
De perturbado espirito.
A direcção tomou da «grande arteria».
Chegado ao largo, pára, o olhar ardente