OS DENTES DO BRAZ
 

O Braz era bonito, mas — coitado! —
Tinha máos dentes; quando a bocca abria,
Todo o encanto perdia:
Por isso era calado,
E não ria: sorria.

Mas que namorador!... tinha a mania
De acompanhar senhoras; quando via
Passar alguma sem marido ao lado,
Sendo bella, ficava enthusiasmado,
E os passos lhe seguia.

Mais de uma dama, tendo reparado
Que tão bello rapaz a perseguia,
Não se mostrava esquiva ao namorado;
Mas quando descobria
Naquella bocca um singular teclado
Em que sómente — pobre desdentado! —
Sustenidos havia,
Toda a illusão se lhe desvanecia.

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