UMA VALSA
 

E’ n’um saráo. Na sala atapetada,
Por um lustre de gaz illuminada,
E duas arandelas
— Vinte e dois bicos imitando velas —,
Cruzam-se homens, senhoras e crianças.

Vão começar as dansas.

Eis a dona da casa. Está sentada.
Correcto cavalheiro
Que é, se me não engano, seu marido,
Vae levar-lhe um rapaz bem parecido,
Elegante e garrido,
Orgulhoso e feliz,
Que é capaz de levar um anno inteiro
Dizendo asneiras sem saber que as diz.

A bella dama cora:
Foi do mancebo namorada outr’ora.

— Trago-te um par. — Com muito gosto o aceito. —
O marido lhe diz e ella responde
N’um sorriso de subito desfeito.