AS FESTAS
 

Era o Alfredo casado
Com formosa mulher, nova e sadia,
Mas não a merecia:
Andava enamorado,
Como um velho babão lascivo e tolo,
De uma reles corista
Com pretenções a artista,
Que trabalhava no theatro Apollo.

Fazia versos máos o pobre diabo,
E era empregado n’um pequeno banco:
Não podia dar-se ares de nababo,
Não podia mostrar-se muito franco,
Pois o que ali ganhava
Para os gastos da casa mal chegava;
Mas o parvo suppunha
Que do Apollo a corista lhe quizesse
Não por vil interesse,
E o seu carnal desejo em versos punha,
Convencido de que ella
Com tal moeda se satisfizesse.